Na disciplina de psicopatologia temos que realizar anamnese, que é um tipo de entrevista, com os internos do Hospital Ulysses Pernambucano. Geralmente eles respondem oralmente, porém, teve um que se sentia melhor escrevendo do que falando. Uma estudante, no entanto, ficou insistindo para que ele falasse já que desse jeito era o melhor. Aí, ele perguntou: é melhor pra quem? Pra mim ou pra você? Esse fato pode parecer sem importância pra muita gente ou pode ser um exemplo de como é difícil entender que os/as loucos/as [ou as pessoas que sofrem de transtornos mentais] também são pessoas que não precisam, necessariamente, viver isoladas do mundo num hospital psiquiátrico ou que não podem falar/decidir sobre si e/ou seu “tratamento”. O saber psiquiátrico, além de classificar os transtornos, também divide as pessoas em dois grupos: as que possuem liberdade de ir e vir, pois se enquadram nos parâmetros de racionalidade e as que, por um motivo dito exclusivamente orgânico, não são racionais e não devem transitar entre/com as que são. A reforma psiquiátrica vem justamente questionar essa segregação e, consequentemente, a privação da liberdade dos/as loucos/as. É melhor pra quem que haja um determinado tipo de tratamento que exclui a loucura do cotidiano? Para a sociedade que se angustia e se sente ameaçada pelas subversões da loucura ou para os loucos/as que perdem seus laços sociais e a liberdade de ir e vir? Amanhã, 18 de maio, é o dia da luta antimanicomial, um movimento que pretende construir um outro modelo de atenção para a loucura e os transtornos mentais. Um modelo que procura ser mais tolerante com os que sofrem e que também procura resgatar [ou criar] a idéia de que os/as loucos também são sujeitos.